Carta aberta do coletivo "O Estudante em Construção" aos estudantes da UFF
Chegamos a mais uma eleição para o nosso Diretório Central dos Estudantes da UFF, Fernando Santa Cruz, e você deve se questionar: lá vem esse pessoal do DCE, me falar de política só em época de eleição, será que eles ganham alguma coisa pra estar defendendo esta chapa? A resposta é não. O movimento estudantil é uma forma de nos mobilizarmos para melhorar as condições de vida e de estudo dos estudantes da nossa universidade, além de garantir que a universidade esteja a serviço dos trabalhadores. O que não podemos deixar acontecer é que essas promessas da chapa não virem realidade. Devemos além de cobrar, precisamos nos organizar para juntos conquistar nossos direitos estudantis e uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
Mas então por que, a UFF vive um momento de marasmo, se nós estamos passando por tantos problemas, como filas enormes no bandejão, a moradia estudantil não sai do papel, salas de aulas lotadas, falta de professores, as obras do REUNI a maioria estão embargadas, as festas nos campus estão proibidas, a verba de transporte para realizarmos atividades extra curriculares e trabalhos de campos são insuficientes, as bolsas de assistência, de pesquisa e extensão são escassas para o número de alunos que recebemos a cada semestre e além disso não dão conta para garantir a permanência do estudante na universidade com qualidade?
O que vem acontecendo é que o Movimento Estudantil não tem se mobilizado junto aos estudantes. Depois do Plebiscito dos cursos pagos, que foi uma vitória dos estudantes, técnicos administrativos e professores da UFF que disseram “não” à mercantilização do ensino, nós não avançamos nas nossas reivindicações e aprofundamos os problemas de mobilização que já existiam mesmo antes da campanha.
Queremos um movimento estudantil onde você pode se sentir convidado a lutar por uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade, onde o rumo das mobilizações seja decidido por todos nós, não uma cúpula ou uma vanguarda dos mais iluminados, ou os que têm mais tempo para se dedicar ao movimento. Queremos um movimento estudantil onde todos tenham direito a voz e voto, onde todos possam decidir o que quer para a nossa universidade, e isso não pode acontecer, como vem sendo, somente nos espaços burocráticos onde alguns são privilegiados e outros são massacrados. Espaços democráticos onde podemos além de discutir, socializar nossas posições, expor nossas divergências e decidir coletivamente o que vamos fazer são as assembléias de estudantes da UFF que não vem ocorrendo.
A nossa posição para esta eleição é clara e coerente: precisamos fortalecer nossa unidade real no movimento. É inaceitável que alguns grupos políticos só pensem em se encastelar no aparelho da entidade em detrimento da luta dos estudantes, só para construírem suas organizações. O movimento estudantil precisa renascer na UFF e isso não vai acontecer sem calouradas que de fato atraiam os estudantes, assembléias estudantis, atividades culturais etc.
A luta dos estudantes é muito maior que as nossas divergências. Elas são saudáveis, mas não podem jamais fragmentar os que defendem a universidade pública. E se hoje, percebemos que essa unidade que o nosso coletivo defende não tem se conformado nos lugares onde estudamos e nos espaços onde atuamos devemos nos perguntar o porquê disso e fazer a nossa reflexão. Será que o nosso umbigo é melhor que a nossa luta?
Por isso, reivindicamos a unidade real, através da luta cotidiana nos nossos centros acadêmicos, diretórios acadêmicos, executivas de curso, diretórios centrais dos estudantes. Que esta união se reflita numa chapa para a eleição do DCE, mas que seja real, e não um mero acordo por cargos de última hora. Queremos aprofundar um programa comum, espaços de discussão comuns e ações unitárias em defesa de nossa universidade.
Convidamos a todos a vir conosco a construir um movimento onde não tem melhor nem pior, tem gente que luta, com ousadia, vontade, amor e comprometimento político para construirmos uma universidade democrática e dos trabalhadores.